Passando de geração

Imagem: SXC.hu

Passando de geração

-Quando eu era pequena, mais ou menos uns 10 anos, seu avô se preparou para caçar, ele combinou com o vizinho da chácara ao lado que estaria às 20h na “espera” onde estava tudo preparado (espera: local, como o próprio nome diz, para esperar o animal, muitas vezes em cima das árvores, e no chão é colocado “iscas” para que o animal esperado caia na armadilha), cada um na sua, e o sinal para saber se o outro estava no local combinado era uma assovio característico com uma resposta posterior.

-Seu avô saiu de casa com a espingarda nas costas, chegando ao local colocou as iscas no chão perto da árvore e subiu para esperar. No horário combinado ouviu o sinal do companheiro, respondeu e foi respondido, e ficou por ali, despreocupado, atencioso e em silêncio para não assustar os animais da mata. De repente observou que um veado se aproximou, mas não da sua espera e sim da espera do outro, e comeu da isca deixada, percebeu que o amigo não fez nada, e ele também não podia fazer, a distância não deixaria que o tiro fosse preciso. O veado foi embora e logo chegou outro, impaciente assoviou novamente e foi respondido, pensou: “O cara ta lá e não faz nada? Tem algo errado ai…”

Resolveu descer da árvore e ir ao encontro do amigo, quando pisou no chão a folhas secas se levantaram como em um redemoinho e o envolveram, sentiu um arrepio, mas até ai tudo bem, ventava fraco aquela noite, foi em direção ao amigo, e no percurso sentiu que alguma coisa estava se aproximando e começou a rodia-lo, tentou correr, mas resolveu parar e começou a gritar: “Você está me sacaneando? Para com isso. Já perdemos duas caças. Correu até a outra espera, chamou pelo amigo, subiu na árvore e nada de encontrar o amigo, desceu e quando chegou ao chão aquela sensação de que tinha algo ali aumentou e que estava mais perto, não teve dúvidas, saiu correndo de volta para casa, e sentia que quanto mais corria, mais perto a “coisa” chegava perto dele, atravessou um rio, no reflexo da água viu um vulto, parou, olhou para trás, mas não via nada, cansado, mas já perto da estrada fora da floresta falou ofegante: “Quem é você? O que quer de mim?” E mais uma vez não houve resposta, irritado ele gritou: “Volte para a floresta e me deixe em paz! — então ouviu um forte grito, um grito misturado com uivo, e de tão forte teve que tapar os ouvidos com as mãos. Ao seu lado havia um pé de Embu carregado e verde que começou a balançar violentamente, e sem mais nem menos, em um estalo, começou a pegar fogo, ele olhava para aquilo sem entender, a árvore caiu quebrando no chão e por pouco não caiu em cima dele.

-Nervoso, assustado e cansado gritou: “Pelo amor de Deus, volte para o seu lugar, me deixe em paz. Só quero voltar pra casa!

-Tudo silenciou.

-Ele chegou em casa, sentou em uma cadeira e ficou ali, acordado a noite inteira, de manhã cedinho saiu e foi na casa do amigo, e lá o encontrou, ele disse que teve um problema com a esposa, e por isso não pode sair para caçar com seu avô.

-Seu avô pediu pra ele o acompanhasse para ver tudo o que havia acontecido, e por incrível que pareça todas as coisas estavam no seu devido lugar, até mesmo o pé de Embu, carregado e verde.

-Ele pensou que estava louco, mas seu amigo o advertiu: “Não se deve brincar, nem desafiar o espírito da floresta.”

– Nossa mãe, o vô passou por tudo isso? E será que é verdade?

-Claro que é, eu vi como ele ficou. E essa é apenas uma história das muitas outras que acontecem no interior.

-E a senhora acredita?

-Sempre, nunca duvidei do seu avô.

-Se é assim, eu também acredito.

Neste dia 31 de Outubro, dia daquela famosa festa nos EUA, venho republicar uma história que representa muito sobre o nosso folclore.

Baseado em fatos reais

Meu avô não era louco. Não não consumia bebida alcoólica, ou qualquer outro tipo de droga. E essa é uma pequena homenagem a ele, que está no céu. Que Deus o tenha.

Você sabia?

Pela Wikipédia:

Folclore é um gênero de cultura de origem popular, constituído pelos costumes, lendas, tradições e festas populares transmitidos por imitação e via oral de geração em geração. Todos os povos possuem suas tradições, crendices e superstições, que se transmitem através de lendas, contos, provérbios e canções.

O Dia das Bruxas (Halloween é o nome original na língua inglesa) é um evento tradicional e cultural, que ocorre nos países anglo-saxónicos, com especial relevância nos Estados Unidos, Canadá, Irlanda e Reino Unido, tendo como base e origem as celebrações pagãs dos antigos povos celtas.

Características do fato folclórico

Para se determinar se um acontecimento é folclórico, ele deve apresentar as seguintes características:

Tradicionalidade: vem se transmitindo geracionalmente.
Oralidade: é transmitido pela palavra falada.
Anonimato: não tem autoria.
Funcionalidade: existe uma razão para o fato acontecer.
Aceitação coletiva: há uma identificação de todos com o fato.
Vulgaridade: acontece nas classes populares e não há apropriação pelas elites.
Espontaneidade: não pode ser oficial nem institucionalizado.

As características de tradicionalidade, oralidade e anonimato podem não ser encontrados em todos os fatos folclóricos como no caso da literatura de cordel, no Brasil, onde o autor é identificado e a transmissão não é feita oralmente.

As manifestações folclóricas são: músicas, danças, usos e costumes, artesanato, crendices, superstições, festas, jogos, lendas, religiosidade, brincadeiras infantis, provérbios, mitos, adivinhações e outras atividades culturais que nasceram e se desenvolveram com o povo.

Escreva um comentário ou deixe uma nota para que eu possa saber a sua opinião à respeito deste texto. Se você gostou, clique no ❤ aí embaixo. Fazendo isso, você ajuda esse post a ser encontrado por mais pessoas.

Siga-me os bons:
TwitterFacebook - LinkedIn - Instagram - Telegram - E-mail

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *