E esse foi seu pecado, um dia ao entregar as senhas, uma das meninas da sala falou que não queria, então ele guardou a senha no bolso e foi para o recreio, e o lanche daquele dia era pão com carne louca. Ele estava feliz, pois iria se fartar.
Quando estava entrando na fila pela segunda vez, a menina que antes havia recusado veio ao seu encontro e quis reivindicar a sua senha dizendo que ficou com vontade de comer o lanche, ele olhou para a menina e sem pensar falou:
-Não, não vou te dar a senha. Você não quis na hora e agora quem vai comer sou eu.
A menina insistiu mais umas duas vezes, mas como ele se manteve firme na decisão ela desistiu.
Para a sua surpresa a merendeira (não se sabe como) escutou a conversa dos dois e quando chegou a sua vez ela olhou brava para ele e disse:
-Que feio! A menina quase implorou a senha pra você, e você não deu… por isso eu vou te dar só metade. – E cortou o pão no meio.
Naquele momento se sentiu culpado, e se sentiu também a pior pessoa do mundo por tudo aquilo que tinha acontecido.
Foi ao encontro da menina e falou:
-Vai lá. A tia da merenda vai te dar um lanche.
Mas a menina nem olhou na cara dele.
20 anos se passaram, e por incrível que pareça, todas às vezes, que ele tem que tomar uma decisão essa lembrança vem à tona. Como se fosse um aviso para que ele decida pelo lado certo.
A menina, a merendeira e o pão com carne louca.